Cabisbaixo: é a tônica dos jogadores do Espanyol na atual temporada (getty images)
O fã mais afinco do futebol espanhol acostumou-se a, nos últimos anos, presenciar um Espanyol guerreiro, enjoado de derrotar e que gostava de complicar a vida dos gigantes, principalmente seu rival Barcelona. Nesta temporada, tem visto totalmente o contrário. Bastante enfraquecido em relação aos últimos anos, a tendência é os péricos disputarem algo que ainda não haviam encontrado outrora: o rebaixamento. Penúltimo colocado da Liga com nove pontos, a equipe de Maurício Pochettino já convive com o descenso desde cedo, sabendo o rumo que irá tomar.
Ontem, ganhou um fôlego nesta disputa ao derrotar, surpreendentemente, a Real Sociedad no Anoeta por 1x0. Momentaneamente, chegou a sair da zona de rebaixamento, voltando quatro horas depois, após o término de Granada 1x2 Athletic Bilbao, que tirou os bascos de lá. Na quinta-feira, o discurso utilizado por Pochettino após a derrota por 3x1 para o Sevilla, no confronto de ida da Copa do Rei, ratificou o momento negro dos barcelonistas. Perguntado sobre o motivo de ter preservado jogadores como Verdú, Raúl Rodríguez e Christian Alvárez, ele foi claro: "nós precisamos tratar as próximas partidas (da Liga Espanhola) como se fossem finais", disse.
Os últimos três resultados pela competição foram positivos. As vitórias contra Rayo Vallecano e Real Sociedad e o empate contra o Málaga na Andaluzia deram sete pontos importantes, que podem ser o diferencial lá na frente, quando a disputa apertar. Os próximos jogos exigirão mais dos comandados do treinador argentino: Osasuna (casa), Valencia (fora), Getafe (c) e Granada (f). Uma vitória ante o Osasuna, último colocado e outro forte candidato à Liga Adelante, é fundamental por ser, exatamente, um rival direto na disputa. Ganhar do Valencia no Mestalla é difícil, então o jeito é compensar contra Getafe no Cornellà e Granada nos Carménes.
Dentro de campo, os catalães são sofríveis. Um feixe de luz em meio à escuridão atende-se pelo nome de Verdu, que toma total controle do meio-campo e suas ações. A dependência é tanta que todas as jogadas só nascem do seus pés. Algo semelhante ao que aconteceu com o Deportivo há duas temporadas, quando os galegos dependiam à exaustão de Valerón e Adrián. Em Barcelona, Verdu sente a falta de um companheiro de ataque para concluir suas jogadas. O jovem Longo, emprestado pela Inter, é talentoso, mas parece ter não se adaptado ainda. Ao contrário de Philippe Coutinho, que, na temporada passada, precisou de cinco meses para mostrar um futebol decente.
A zaga, um dos principais trunfos do time nos últimos anos, também vive fase negra. A carência no jogo aéreo é enorme. Em Valladolid, num jogo que caminhava para uma vitória blanquiazul, Amat só olhou Nauzet subir e empatar o duelo. As falhas individuas múltiplas evidenciam os problemas na retaguarda. Cabe a Alvarez a missão do milagre, que nem sempre é possível. Na vitória de ontem, ele foi perfeito e saiu como o melhor em campo. Mas não será sempre que isso acontecerá.
Em crise administrativa, com média de público de 70% da capacidade do estádio, um treinador com potencial mas que se vê sem alternativas e elenco enfraquecido, o Espanyol é favorito ao rebaixamento. Mas nem tudo é (ainda) tragédia. Apesar dos resultados recentes, a equipe esboçou uma melhora considerável nas últimas semanas. A diretoria périca se especializou em fazer um mercado de inverno bastante útil nos últimos anos, com capturas positivas ao elenco. Se seguir essa tendência, há uma luz no fim do túnel de Cornellà El-Prat.
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