segunda-feira, 5 de julho de 2010

Pra frente!

Pela primeira vez em sua história nas semifinais, a Espanha quer fazer mais história (AP)


Iniesta é craque. E merece ser levado em conta na eleição da seleção ideal da Copa. Ele pegou a bola no meio-campo, tabelou com um companheiro, driblou dois adversários e deixou Pedro na cara do gol. O arremate foi na trave, mas David Villa aproveitou o rebote para fazer o único gol de Espanha x Paraguai. Um jogo que coloca a Furia entre as quatro melhores do mundo pela primeira vez desde 1950. Um jogo que, independemente do aque possa acontecer, já coloca a Fúria na história.

Foi uma das poucas jogadas em que a Espanha conseguiu imprimir seu estilo, sua principal arma. Sorte dos espanhóis que foi suficiente para garantir a vitória. Exatamente o que havia ocorrido contra Portugal. Os paraguaios reforçaram o combate no meio-campo – com momentos em que até adiantaram a linha de marcação – e deixaram o setor criativo asfixiado. Xavi e Iniesta ficaram distantes, Villa e Fernando Torres caíam pelos lados e não havia articulação das jogadas.

Esse problema se arrasta desde a partida contra Honduras, na segunda rodada, quando Vicente del Bosque passou a escalar a equipe no 4-4-2. O sistema de jogo não tem funcionado bem, pois deixa o time mais marcável, sem poder de troca de passes envolventes na entrada da área. Os espanhois continuam dominando a posse de bola, mas agora com mais toques na intermediária, onde o ataque é estéril.

Já se tornou um problema crônico. Mas há bons sinais. Del Bosque parece cada vez menos compelido a manter Torres como titular. Sem o melhor de sua forma física, o atacante perde capacidade de movimentação e de explosão muscular. Torna-se um peso no ataque, que poderia ser substituído por alguém que desse mais força na frente ou consistência no meio-campo.

Contra o Paraguai, o técnico colocou Fàbregas. Ele entrou em cinco minutos malucos, com um pênalti desperdiçado de cada lado, mas, depois disso, ajudou a dar corpo a uma Espanha mais dominante. Foi desse meio-campo com figuras mais próximas uma da outra que saiu a tabela do gol. E foi de Pedro, que entrou no final para abrir mais o jogo pela direita, que quase saiu o segundo. Ou seja, Del Bosque já admite mudar a equipe.

Mas não é apenas essa a boa notícia para os espanhois. Melhor ainda foi chegar às semifinais e pegar uma seleção contra a Alemanha. Contra suíços, hondurenhos, chilenos, portugueses e paraguaios, a Furia entrou em campo como favorita. Essa condição obrigou o time a fazer mais do que precisava, a vencer e convencer, a zerar os erros. A Espanha não soube conviver com isso. Classificou-se porque é tecnicamente muito boa, mas foi muito para o time.

Como a Alemanha vem atropelando ex-favoritos como Inglaterra e Argentina, o favoritismo é germânico. Além disso, o fato de já ter chegado às semifinais deixa a equipe de Del Bosque consciente de que já fez uma de suas obrigações: estar entre as quatro melhores depois de 60 anos. Mesmo se perder, a Espanha pode voltar para casa dizendo que já superou as campanhas anteriores.

Esses dois fatores dão leveza psicológica à campeã europeia. Se ela souber usar isso e mexer nos problemas táticos que persistem desde o início da Copa, é perfeitamente cabível imaginar uma inédita final para a Furia. Por melhor e mais eficiente que esteja jogando a Alemanha, ela não é barbada na decisão do Mundial.

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