Luis Enrique chegou ao Barcelona vindo do rival, Real Madrid, mas ainda assim conquistou a torcida blaugrana com seu estilo raçudo de jogar (tayyar.org)
Toureiro com espírito de touro bravo. Era desse modo - seja por Sporting Gijón, Real Madrid ou Barcelona - que Luis Enrique Martínez García entrava em campo a cada domingo por La Liga. Sempre aguerrido, o asturiano de Gijón personifica a melhor espécie de futebol latino na Europa: técnica na armação das jogadas com a raça peculiar para tirar a bola do adversário.
Nascido em 1970, Luis Enrique estreou na primeira divisão espanhola na temporada 1989/90, no Sporting Gijón. Em duas temporadas, nunca foi titular absoluto, mas ajudou os alvi-rubros a chegarem em 5º no seu segundo ano como profissional - feito que qualificou o Sporting para a Copa da Uefa de 1991/92. Foram apenas 36 jogos nesses dois anos, mas 14 gols marcados, uma ótima média para o meia-ofensivo destro.
O desempenho de Luis Enrique chamou atenção do gigante da capital, o Real Madrid. Em uma época pré-União Europeia - quando a entrada de estrangeiros ainda era restrita a três nomes por plantel - o meia era um diamante a ser lapidado pelos merengues. Mas Luis Enrique não despontou como o craque que todos imaginavam. Nos três primeiros anos em Madrid, o rival Barcelona levou a taça pra casa, além de conquistar pela primeira vez a Liga dos Campeões.
Nesse início de década, em âmbito nacional, ele fez parte da Fúria campeã olímpica em Barcelona, 1992. Na Copa de 1994, o meia foi vítima de um lance violento, mas que teve uma inédita punição: na derrota da Fúria para a Itália por 2x1 nas quartas-de-final, Luís enrique foi atingido por uma cotovelada de Mauro Tassotti. O juiz, que não viu o lance, ficou tão abismado quando os espectadores que assistiam a cena: o rosto do espanhol jorrava uma enorme quantidade de sangue. Contudo, nada foi feito durante a partida e Tassotti continuou no jogo normalmente. Após analisar as imagens da partida, a FIFA suspendeu o italiano por oito jogos e Tassotti nunca mais foi convocado para defender a squadra azzurra.
O título na temporada 1994/95 foi o ápice do meia nos merengues: 35 jogos disputados em 38 possíveis, com quatro gols marcados e a grandiosa ajuda na consagração do artilheiro chileno Iván "Bambam" Zamorano, que terminou o ano com 28 gols no campeonato nacional. Porém, o título dos rivais do Atlético de Madrid em 1996/97, aliado com a sexta posição madridista na tabela, fizeram com que Luis Enrique fosse buscar novos ares.
Mesmo sendo temperamental como poucos, não era usual o que Luís Enrique fez ao ver terminar seu vínculo com um dos gigantes espanhóis. O meia sem contrato desembarcou em Barcelona no início da temporada 1996/97 para, ao lado do também recém chegado Ronaldo, inflar a disputa entre os dois gigantes da terra do Rei Juan Carlos.
Se Ronaldo foi o artilheiro de La Liga, com performance igualada somente por Lionel Messi nessa última temporada (34 gols em 37 partidas no Campeonato Espanhol), Luis Enrique teve igualmente uma temporada brilhante. Jogando como principal municiador do ataque barcelonista, ele marcou 17 vezes em 35 jogos. O desempenho, entretanto, não evitou a terceira temporada sem conquistas do Barcelona.
Mesmo com a saída do goleador brasileiro, o asturiano manteve o ritmo na temporada seguinte, conquistando os melhores números de sua carreira: 25 gols no ano (18 em 34 partidas por La Liga). O desempenho favorável, entretanto, não se repetiu na Copa do Mundo: apesar de marcar um gol, na goleada contra a Bulgária por 6x1, a Espanha ficou de fora logo na primeira fase, em um grupo onde os classificados foram Nigéria e Paraguai.
Na Catalunha, Luís Enrique permaneceu até o final da sua carreira, sempre atuando com a camisa blaugrana. Foi prejudicado em várias temporadas por lesões e improvisações, principalmente na era Louis Van Gaal, quando atuou até na lateral direita. Aposentou-se em 2004 para dedicar-se ao surf, indo morar com sua família na Austrália.
Após esse período sabático que durou quatro anos, voltou à Barcelona para seguir os passos de um companheiro de longas jornadas: Josep Guardiola. Em junho de 2008, Luís Enrique assumiu o comando do Barcelona B, caminho idêntico ao traçado por seu companheiro de meia cancha nos anos 1990. Hoje, os comandados do touro asturiano ocupam a sexta colocação na Liga Adelante, com 16 pontos em nove partidas.
Se Luís Enrique fizer seus pupilos jogarem com 50% da vontade que ele demonstrava em campo, o Barcelona terá uma nova geração de toureiros no futuro.
Luis Enrique Martínez García
Luis Enrique
Nascimento: 08 de maio de 1970
Posição: Meio-campista
Clubes: Sporting Gijón, Real Madrid e Barcelona
Seleção espanhola: 62 Jogos e 12 Gols
Títulos: Três Ligas (1995 - Real Madrid; 1998 e 1998 - Barcelona), duas Supercopas (1993 - Real Madrid; 1996 - Barcelona), Três Copas do Rei (1993 - Real Madrid; 1997 e 1998 - Barcelona), uma Copa da UEFA (1997 - Barcelona), uma Supercopa Europeia (1997 - Barcelona) e uma medalha de ouro nos Jogos Olímpicos (1992 - Seleção Espanhola).
Muito bom o texto. Luis Enrique foi um dos poucos do Real Madrid, que viraram ídolo do Barcleona
ResponderExcluirVocês estão de parabéns com o blog, a cada dia crescendo mais ainda.
Se Puyol é o leão, Luis Enrique era o touro. :P
ResponderExcluirBem-vindo, Bruno!
Bem-vindo!
ResponderExcluirObrigado pelas boas vindas!
ResponderExcluirEspero poder contribuir para o crescimento desse espaço.
Abração!