Fàbregas é o falso nove que Del Bosque tanto tentou achar (Zimbio)
Francesc Fàbregas surgiu no Arsenal como um garoto-prodígio cerebral. Capaz de dar excelentes passes longose e curtos e organizar o jogo, o jogador atuava como segundo volante. Antes, nas canteras do Barcelona, ele era o cérebro da famosa geração 87, tida até hoje como a melhor equipe da base blaugrana. Com o passar do tempo, Arséne Wenger, técnico do Arsenal, adiantou Fàbregas a uma nova posição, mas sem que ele perdesse sua principal característica, a de organizador. Em seus últimos anos em Londres, Cesc passou a atuar centralizado na linha de 3 do 4-2-3-1, com Nasri e Walcott abertos pelos flancos.
Na seleção, ele havia atuado dessa maneira na Eurocopa de 2008. Quando Villa se lesionou e ficou fora da final contra a Alemanha, Aragonés abandonou o 4-4-2 para dar vez ao 4-2-3-1, que teve Fàbregas na armação, com Silva aberto à direita, Iniesta aberto à esquerda e Xavi e Marcos Senna na linha de trás. Ao voltar para o Barcelona, o catalão sabia que disputar posição com Iniesta e Xavi seria tarefa ingrata. Além disso, na equipe de Guardiola, o terceiro meio-campista (Iniesta) tinha (e ainda tem com Tito Vilanova) a função de acelerar a bola, ao contrário do segundo volante (Xavi), que cadencia mais o jogo. Para não ter que tirar a dupla da equipe titular e nem deixar Cesc no banco, Pep resolveu adiantar ainda mais o canterano, que passou seus sete primeiros meses jogando no ataque ao lado de Messi e Alexis Sánchez. Em algumas partidas, chegou a atuar de falso nove.
Essa proposta de jogo foi levada à seleção. No amistoso de novembro passado contra a Inglaterra, Del Bosque testou Fàbregas pela primeira vez como falso centroavante. Não deu certo. Fàbregas sentiu-se perdido em campo e pouco participou do jogo. Para tentar consertar seu erro, o treinador o inverteu com Silva. A tragédia aumentou. Logicamente, Del Bosque desistiu da opção. Temporariamente. A lesão de Villa e a má fase de Torres o obrigou a repensar no assunto. Na estreia da Eurocopa contra a Itália, Fàbregas apareceu na criticada posição. O gol que salvou a Fúria da derrota não isentou o técnico madrilenho das críticas, mas ele não abandonou sua, digamos, "filosofia". Ao final do torneio, Fàbregas não apareceu em momento algum no meio-campo e ainda foi um dos destaques.
Hoje, o barcelonista é um falso nove que caminha para a perfeição que a posição obriga. Durante a Euro, cheguei a comentar que ele era um 12º jogador essencial para uma equipe que estava longe de apresentar o futebol encantador dos últimos anos. No momento, Fàbregas é peça-chave e titular absoluto. É claro que, por ter atacantes confiáveis à disposição, Del Bosque pode variar seu titular; mas, à primeira vista, Cesc está à frente de todos. O treinador já acenou com a possibilidade de utilizá-lo ao lado de Villa, que atua aberto à esquerda, embora seja difícil aparecer os dois num jogo oficial por Iniesta ser o dono da posição.
Contra a Bielorrúsia, Pedro foi o destaque. O canário anotou três gols e assistiu Alba marcar após lindo passe de calcanhar, na vitória por 4x0. Mas Fàbregas merece, novamente, menção honrosa. Ele não marcou, mas deu uma assistência para um dos tentos do atacante culé. Ainda que a qualidade do adversário seja fraca para chegar a uma conclusão definitiva, Cesc caminha para tornar-se um falso centroavante útil. Com liberdade de movimentação, ele participa da incessante troca de passes no meio-campo, cai pelos flancos e chega à área para concluir, como Messi no Barcelona. Há quem diga que, por estar jogando muito bem adiantado, Fàbregas "esqueceu" como atuar no meio-campo. O mal início de temporada em sua posição de origem até dá margem à especulação, mas contra Sevilla, Benfica e o início do segundo contra o Real Madrid joga por água abaixo essa tese. Fàbregas é craque e sabe se adaptar a qualquer função, seja ela meio-campista ou centroavante.
Essa seleção é fantástica.
ResponderExcluirPode ser impressão minha, mas nesses jogos que ele atuou como falso 9, tive a impressão de ele não estar a vontade. Do tipo: 'o que eu tô fazendo aqui' (lembrando ainda como vc bem citou Victor, um excelente meio campista no Arsenal, com um impressionante aproveitamento no passe como ele têm) 'quero voltar a mninha posição onde sempre atuei bem'.
Apenas como efeito de comparação, não sei se é o adequado, no time do Corinthians de 1998, V. Luxemburgo tirou o Edilson, que estava acostumando até aquele momento a atuar como meio-atacante, a atuar como Atacante ("o capetinha" no começo, não concordou, ficou uma fera com o Luxa) mas com os resultados vindo, e ele marcando muitos gols, mudou de opinião, e até o final da sua carreira atuou assim.
Tava lendo o livro Sarriá 1982 - o que faltou ao Futebol Arte? (sensacional esse livro) mostra numa ilustração o esquema tático da seleção contra o Paraguai onde o "doutor" Sócrates atuou como falso 9, Serginho Chulapa não atuou naquele jogo, o Galinho Zico revezou com o Magrão a posição de atacante, a seleção ganhou de 6x0, foi uma das melhores atuações do Brasil. Os autores mencionaram e sugeriram numa outra ilustração, se o Brasil jogasse assim, poderia ter tido um resultado melhor no Mundial da Espanha. O "!doutor" tanto atuava como volante, no time do Telê, como meio-campista, como atacante. Infelizmente, não atuou assim na Copa de 1982. Fàbregas, assim como o Magrão, já jogou no meio, na volância e agora atacante. Isso só reforça (inclusive a tua matéria Victor) que ele atuar assim é o certo, que o Del Bosque acertou. Um excelente técnico, o nosso querido Mario Bros.
Mudando de pato pra ganso um pouco agora e falando sobre ele, é incrível que alguns jogadores como Villa, Alba, Silva, parecem que atuam bem melhor na Roja nas mãos de Del Bosque, até nos tempos de Guardiola por exemplo, Villa auava melhor na La Roja do que tanto no Barça (claro, ele jogou e joga muito no Barcelona). Bom essa é a minha opinião, não sei se estou certo.
Abraço.
PS. Victor, faz uma matéria sobre o nosso querido Super Mario (não sei se vc já fez claro) sobre esse discreto técnico que Florentino Perez não soube dar o valor devido mesmo ganhando a última inclusive LC pelo Madri, se não me engano.
Fàbregas é o nosso Buck, o sidekik, 'cara de bom menino', do Capitão América.
ResponderExcluirEle não se sente à vontade na posição, mas claramente trabalha para fazer o melhor. Nessa matéria aqui, ele falou brevemente do que é jogar nessa função, na qual considerou difícil, pelo fato da movimentação ser crucial: http://www.sport.es/es/noticias/barca/cesc-explica-los-secretos-del-falso-nueve-2225844
ResponderExcluirObrigado pela sugestão. Está em pauta.
Novamente, obrigado e abraço!