segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Jogadores Históricos: Andoni Zubizarreta


Zubizarreta: Referência dentro e fora de campo, respeitado por companheiros e rivais, após concluir seu trabalho dentro das quatro linhas, tornou-se dirigente - (IFFHS.de)

Posicionamento perfeito, ótimo nas saídas de bola e goleiro de bom reflexo, Zubizarreta era garantia de segurança sob a baliza. Além das qualidades técnicas, “Zubi” era forte psicologicamente e a referência para os mais jovens. O auge da carreira foi alcançado no Barcelona, onde o camisa 1 ficou por oito anos e conquistou 11 títulos. Nos blaugranas, ele ainda esteve presente na primeira conquista da LC da tracional equipe. Na seleção, Zubizarreta também ficou marcado: com 126 jogos, é o terceiro jogador com mais partidas trajando a camisa da roja.

O futuro goleiro iniciou sua trajetória futebolística no Aretxabaleta, onde o basco ficou entre 15 e 17 anos. Porém, o início de Zubizarreta foi marcado por muitas mudanças. Do time do País Basco, ele passou para o Alavés, onde fez o seu debut em La Liga, em 1981. Depois da estreia na primeira divisão pelo clube da sua cidade natal, o caminho lhe colocou no maior clube basco, o Athletic Bilbao.

Nos Leones, Zubizarreta teve uma rápida passagem pelo time B, mas logo no início da temporada 1981-1982 acabou promovido aos profissionais. O recém-promovido goleiro fez 45 jogos com a camisa rojiblanca. Os bascos eram fortes e conquistaram La Liga no ano seguinte, quando, mais uma vez, Zubizarreta participou todos os 34 jogos da competição. A briga foi acirrada, mas o título veio com o um ponto de vantagem em relação ao vice-campeão Real Madrid. Na temporada 1983-84, o bi e, novamente, os merengues na segunda colocação. Para completar o ótimo ano, a conquista da Copa del Rey e da Supercopa Espanhola.

A caminhada no Athletic acabou em 1986, quando o goleiro foi convocado para o Mundial da Espanha. E, pela primeira vez, “Zubi” defenderia a fúria em competição importante como titular, algo comum na carreira do camisa um. Foram quatro Copas do Mundo e três Eurocopas, e, com exceção a Euro de 1984, em todas as outras campanhas Zubizarreta jogou todos os da roja nas disputas. Porém o sucesso em clubes não veio na seleção, que à época tinha a fama de “amarelar” e assim desperdiçou boas gerações.

A caminhada blaugrana foi iniciada na temporada 1986-87. Por 1,7 milhões de euros ele deixou o time basco. À época, valor recorde pago por um goleiro. A primeira missão no Barça foi ganhar a vaga de titular do Urruticoechea, o que logo aconteceu. E como ocorreu no Athletic Bilbao, Zubizarreta perdeu poucas partidas e nos oitos anos no Barcelona colecionou 490 presenças.

Sob o comando de Johan Cruyff, ele fez parte do “Dream Team”, que enlouqueceu os culés e contava com Koeman, Guardiola, Bakero, Michael Laudrup, Amor e Stoitchikov. Apesar das duas Copas del Rey em 1987-88 e 1989-90, o que ficou marcado mesmo foram os quatros títulos de La Liga entre a temporada de 1990-91 e 1993-94. E claro, a primera Liga dos Campeões do Barcelona conquistada em 1992 contra a Sampdoria. Na final disputada no Wembley, Zubizarreta usou a faixa capitão e não foi vazado durante os 120 minutos de partida. Com o gol anotado por Koeman na prorrogação, o goleiro levantou a taça das grandes orelhas.

A passagem de “Zubi” pelo Barcelona poderia ter sido mais vitoriosa ainda, mas em 1994, o Milan conseguiu derrotar os blaugranas e impediu o segundo título europeu de Zubizarreta. Depois do vice em 1994, o camisa um se despediu de Barcelona e foi jogar no Valencia, onde ficou até 1998 e disputou mais de 150 partidas.

Com a decepção na Copa do Mundo de 1998, Zubizarreta decidiu se aposentar. Muita gente tentou convencê-lo de fazer o contrário, mas o goleiro estava irredutível e encerrou a carreira em 1998. Depois de pendurar as luvas, o goleiro trabalhou na diretoria de futebol do Athletic Bilbao e ainda foi comentarista esportivo de programas de rádio e tv. A partir de 2010, “Zubi” se tornou Diretor de Futebol do Brcelona e é presença constante nas apresentações de jogadores contratados pelos blaugranas.

Andoni Zubizarreta
Nascimento: 23 de outubro de 1961, em Vitoria, Espanha
Posição: Goleiro
Equipes: Aretxabaleta (1976-78), Alavés (1978-79 e 1980-81), Alavés B (1979-80), Athletic Bilbao B (1981), Athletic Bilbao (1981-86), Barcelona (1986-94) e Valencia (1994-1998)
Títulos: 6 La Liga (1982-83, 1983-84, 1990-91, 1991-92, 1992-93 e 1993-94), 3 Copas del Rey (1983-84, 1987-88 e 1989-90), 3 Supercopas da Espanha (1984, 1991 e 1992), 2 Copas da Catalunha (1990-91 e 1992-93), Liga dos Campeões (1991-92), Copa das Copas da Uefa (1988-89) e Supercopa da Europa (1992)
Seleção espanhola: 126 jogos e nenhum gol

domingo, 27 de fevereiro de 2011

25ª rodada: Briga quente por Europa

O Espanyol mostrou sua força ante a Real Sociedad e está de volta à briga por Liga dos Campeões (AS)

Na abertura da 25ª rodada, engana-se quem pensa que o destaque vai para Barcelona ou Real Madrid, como tem virado praxe aqui no blog. Tudo bem que o retorno da vantagem de sete pontos dos blaugrana para os merengues merece ser credenciado com toda importância, mas o maior destaque da rodada até então foi o primo pobre da Catalunha. Em um dos jogos decisivos por competições europeias, o Espanyol recebeu a Real Sociedad e reencontrou o caminho das trilhas em alto estilo: impôs aos bascos uma goleada por 4 a 1 e, momentaneamente, estão a seis pontos da Liga dos Campeões. Confira a primeira parte do resumo da rodada.

Espanyol 4x1 Real Sociedad
No jogo mais difícil da carreira de Raúl Tamudo, que reecontrou-se com os aficionados blanquiazules, a Real Sociedad se complicou bastante na luta por uma vaga na próxima Liga Europa. O Espanyol, por sua vez, ressuscitou após a sequência negativa de quatro derrotas consecutivas e irá secar Valencia e Villarreal para continuar vivo na briga por Champions League. O primeiro tempo foi bem intenso, com as duas equipes disfrutandos de boas oportunidades. Os txuri-urdins faziam uma boa partida e Griezzman e Xabi Prieto, respectivamente, abertos pelos flancos, davam muito trabalho a López e David García. A equipe donostiarra ganhava o duelo parcial no meio-campo e dominou todo o primeiro tempo, mas após um primeiro tempo com ótima intensidade, acabou "traída" por um de seus jogadores: após Javi Márquez ganhar na raça uma dividida com Zurutuza, Luis García foi acionado na direita e chutou verticalmente para o gol. Porém, Bravo acabou enganado por um desvio de Estrada, que, no minuto seguinte, foi do inferno ao céu, após culminar jogada de Griezzman.

No segundo tempo, Sergio García pôs o Espanyol à frente do marcador novamente com um belíssimo tento: após receber de Callejón, o catalão, com um lindo giro de corpo, deixou González para trás e chutou com categoria na saída de Bravo. Temerário, Pochettino promoveu a entrada de Dúscher no lugar do atacante, que saiu ovacionado pelos 26.400 espectadores presentes do Cornellá, para reforçar mais sua marcação pelo lado direito, onde Griezzman bordava com facilidade. Ao contrário da primeira etapa, os donostiarras praticamente inexistiram no segundo tempo e, nos minutos finais, ainda receberam mais dois gols: primeiro, num chute seco de Callejón, que teve seu nome ligado a uma possível repatriação do Real Madrid nesta semana, à direita de Bravo e, depois, numa bela cobrança de falta de Javi Márquez. Na saída dos jogadores a campo, Tamudo, muito ativo durante boa parte da partida, deixou os gramados ovacionado e emocionado.

Atlético de Madrid 2x2 Sevilla
O Sevilla melhorou no mercado de inverno, e isso está claro. Contratou Medel, Rakitic e “Fazio”, três jogadores que elevam o nível da equipe. O meio de campo já não é aquele de antes e a defesa mostra ser mais sólida. Com esses três jogadores, o Sevilla, independentemente que alguns deles não estejam em seu dia (como Rakitic ontem, apesar do gol), compete melhor. O empate no Vicente Calderón pode não ser tão bom para alguns, porém serve para um futuro confronto direto ante o Atlético de Madrid, já que vencera na Andaluzia por 3 a 1. Ainda mais se repararmos que o Sevilla foi para a partida com as pernas mais cansadas, depois do esforço ante o Porto.

Os rojiblancos de Manzanares estiveram duas vezes atrás no placar, mas no final Agüero ainda teve uma chance incrível para conseguir a virada, mas a desperdiçou. Mateu Lahoz marcou um recuo controverso da defesa do Sevilla, e, enquanto Varas reclamava, o português Tiago tirou a bola das mãos do rival e cobrou rapidamente para Agüero, mas ele bateu em cima de Varas e desperdiçou um gol feito, para desespero de Quique. O empate frustou as aspirações das duas equipes, que, ainda que minimamente, sonhavam com Champions. Com 12 e 11 pontos atrás do Villarreal, tornou-se complicado para Atlético de Madrid e Sevilla, respectivamente, almejar a principal competição europeia.

Deportivo 0x0 Real Madrid
E o Real Madrid voltou a ficar sete pontos atrás do Barcelona. Com uma linha de frente diferente da escalada contra o Lyon, os merengues não foram capazes de superar a meta de Aranzubia. O arqueiro, aliás, foi o grande nome da partida, pois salvou o time da casa de derrota. O Real Madrid não pôde reclamar de oportunidades. Além de ótimas defesas do goleiro Aranzubía, a trave do Deportivo La Coruña foi carimbada duas vezes. A mira dos visitantes não estava afinada. O confronto no estádio Riazor mostrou desde o início muita disputa no meio-campo, com pouco espaço para as duas equipes. Mas do lado do Real Madrid sobrava qualidade técnica. No segundo tempo, o cenário em campo continuou o mesmo, com uma superioridade do Real Madrid pouco convincente. Até que José Mourinho apelou para as alterações, com as entradas de Adebayor e Di Maria nos lugares de Diarra e Kaká. Nos 15 minutos finais, o Real Madrid adotou a tática do desespero, com o atacante Granero no lugar do lateral esquerdo Marcelo. Mas mesmo assim os blancos não conseguiram marcar.

Após o jogo, José Mourinho, mais uma vez, criticou a LFP e, consequentemente, o Barcelona. Para o técnico de Setubal, o time merengue deveria entrar em campo somente domingo, já que na última terça-feira enfrentou o Lyon pela Liga dos Campeões. "Sempre vou defender os interesses da minha torcida e do Real. Apesar de rirem nas minhas costas, sigo dizendo que o calendário está errado. Quem decidiu que jogaríamos neste sábado sabia o que estava fazendo. Mas ficam rindo pelas minhas costas. Seguirei denunciando esta situação. Se olharmos as rodadas do início da temporada, verão que não podem me desmentir", disse o treinador.

Mallorca 0x3 Barcelona
Sem seu maestro Xavi, esperava-se que o Barcelona passaria por apuros no Ono Estadi. Isso porque, além de não contar com seu cérebro, iria encarar o Mallorca, dono de uma das melhores campanhas como anfitrião. Ainda que o "apelo" por Thiago para substituir Xavi fosse maior por parte dos aficionados culés, Guardiola mandou a campo o malinês Keita e puxou Iniesta para a posição do camisa seis azulgrená. O ex-Sevilla driblou a desconfiança e foi, certamente, um dos três melhores jogadores do Barcelona em campo (atrás de Iniesta e Busquets). O Mallorca veio a campo com um 4-2-3-1, com apenas o camaronês Wébo na frente. A formação tática de Michael Laudrup respeitava o seu poderoso adversário e acreditava na marcação em cima e na saída com velocidade dos seus homens de meio para surpreender o todo-poderoso Barcelona.

Durante os primeiros minutos do primeiro tempo, o Mallorca conseguiu fazer jus à proposta de seu técnico. Marcando bem e partindo nos contra-ataques, o clube da casa conseguiu, por alguns minutos, jogar melhor que o seu adversário. Porém, após a nova formação do Barcelona acertar-se em campo, ficou clara a superioridade do líder do campeonato. Retomando a sua principal característica, o toque de bola, o Barcelona impôs-se no jogo chegando, assim, ao seu primeiro gol. Cansado de exibir habilidade com os pés, Lionel Messi mostrou neste sábado que também sabe usar a cabeça: no estilo "foquinha", o craque argentino enganou o goleiro Aouate e abriu a vitória. Após construir o resultado na segunda etapa, Guardiola começou a pensar na partida contra o Valencia, na quarta, e mudou a equipe, ainda que deixara em campo Messi.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Craques da LFP: Meho Kodro

Kodro foi um dos grandes ídolos da Real Sociedad no inicio da década de 90... (jugadorsmiticic)

Na década de 90, os bósnios eram meros coadjuvantes de iugoslavos – hoje também separados entre sérvios e montenegrinos – e croatas, entre as repúblicas que se emanciparam da antiga Iugoslávia. Mesmo a Eslovênia, espécie de terceira força, conseguiu se classificar para o Mundial de 2002. Um centroavante, porém, se destacava no futebol espanhol e, mesmo fazendo poucas partidas pela seleção bósnia, se consagrou como o primeiro ídolo futebolístico do país recém-criado. A participação de Meho Kodro no início dessa trajetória vai muito além dos 13 jogos e três gols marcados, ou mesmo da braçadeira de capitão que ostentou durante esse período.

Nascido em Mostar, antiga Iugoslávia e atual capital da Herzegovina, Kodro começou a se destacar aos 18 anos, no Vélez Mostar, clube atualmente mediano na antiga Iugoslávia e que manteve o tamanho no novo país. Em seis temporadas, o atacante marcou 48 gols em 129 jogos. Alto e forte, usava seu 1.88m de altura para levar vantagem sobre os zagueiros na bola aérea, além de mostrar técnica com a bola nos pés e ser perigosíssimo nas cobranças de faltas e pênaltis.

O fato de se “esconder” em um clube de menor expressão não impediu que seu talento fosse visto no país. Ainda em 1991, antes da guerra estourar, o atacante chegou a disputar duas partidas pela seleção iugoslava, que tinha como base o então campeão do mundo Estrela Vermelha e contava, no ataque com Davor Suker. Com o início dos conflitos, Kodro preferiu imigrar e encontrou, curiosamente em outra área conflituosa, o lugar perfeito para desenvolver seu futebol.

Aos 25 anos, Kodro desembarcava no País Basco, mais precisamente na cidade de San Sebastián. Era o novo reforço do Real Sociedad, e chegava sem muito alarde. Seus dois primeiros anos foram quase tão discretos quanto sua chegada, e o próprio centroavante admitiu que teve problemas para se concentrar no próprio trabalho enquanto muitos familiares e amigos continuavam vivendo em Mostar sob a mira de bombardeios diários. A partir da temporada 1993/94, porém, tudo mudou. Aliando força e técnica, Kodro marcou 23 gols e ficou na terceira posição na tabela de artilheiros, atrás de Romário e Davor Suker, seu antigo concorrente na seleção iugoslava, que optou por defender a Croácia. No ano seguinte, mais 25 gols e a vice-artilharia da Liga, atrás apenas de Iván Zamorano, então no Real Madrid. O desempenho, obviamente, atraiu a atenção de clubes maiores, e a transferência para o Barcelona em 1995 foi inevitável.

... e transferência para o Barcelona foi inevitável: o atacante foi o substituto de Romário (sport.es)

Após brilhar por duas temporadas no Real Sociedad, Kodro chegava em Barcelona com o aval do técnico Johan Cruijff e uma missão praticamente impossível pela frente: substituir Romário, então melhor jogador do mundo e recém-transferido para o Flamengo, no comando de ataque e, principalmente, no coração da torcida, que naquele ano também viu a saída de Hristo Stoitchkov, vendido ao Parma.

Como se não bastasse a sombra de Romário, a passagem de Kodro pela Catalunha foi marcada por algumas lesões e pelo desgaste de Cruijff com a diretoria, que culminou com a saída do holandês do cargo no final da temporada. Com a contratação de Ronaldo, o bósnio perdeu seu espaço na equipe e se mudou para o Tenerife em troca de Juan Antonio Pizzi, outro artilheiro que fracassou no Camp Nou. Nas Ilhas Canárias, Kodro não repetiu o desempenho dos tempos de Real Sociedad e marcou apenas 18 gols em três temporadas. Em 1999, o centroavante transferiu-se para o Alavés, e no ano seguinte mudou-se para Israel, onde encerrou a carreira atuando pelo Maccabi Tel Aviv em 2002, aos 35 anos.

Após a aposentadoria, Kodro continuou ligado ao futebol, trabalhando como auxiliar-técnico de José Mari Bakero no próprio Real Sociedad em 2006. Em janeiro de 2008, o ex-centroavante assumiu o comando técnico da seleção da Bósnia como nome de consenso no país, mas foi demitido em maio, após um desentendimento com a federação por ter se recusado a disputar um amistoso contra o Irã.

Mesmo com o incidente, seu prestígio continua inabalável na Bósnia e, enquanto procura um novo emprego, Kodro pode desfrutar de um merecido período de descanso, sem a possibilidade de novas guerras. E com a certeza de que contribuiu muito para o grande salto de qualidade do futebol em seu país.

Texto original de Pedro Venancio.

Meho Kodro
Nome completo: Mehmed “Meho” Kodro
Data de nascimento: 12/01/1967
Clubes: Velez Mostar-BOS, Real Sociedad-ESP, Barcelona-ESP, Tenerife-ESP, Alavés-ESP e Maccabi Tel Aviv-ISR

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Chegou seu momento, Jonas

Em seus primeiros 18 minutos como jogador ché, Jonas passou boa imprensão (EFE)

No último sábado, no empate do Valencia ante o Sporting Gijón, Jonas jogou seus primeiros 15 minutos com a camisa do Valencia e já está destinado a ser um jogador fundamental. Isso mostra o quão rápido as coisas estão indo para o brasileiro, que terá um mês para cravar seu nome na equipe titular. Aritz Aduriz, dono da posição, lesionou o tornozelo no último sábado e fica fora dos gramados nesse período - perdendo jogos importantes, como Barcelona e Schalke 04. Isso faz do ex-Grêmio a única alternativa a Soldado para o ataque, tendo em vista que Unai não esbanja mais confiança alguma em Chori Domínguez.

Como bem definiu o Superdeporte na última semana, "o paulistano é um desses jogadores que não tem medo de desafios. Encara todos da melhor maneira possível.". Fato é que Jonas provou nas suas equipes anteriores que - pouco - tempo era algo necessário para sua adaptação. Até o último sábado, todos os debuts de Jonas havia sido com um gosto especial: com vitória e, em dois de quatro casos, incluindo gol do El Matador. Por estas e outras é que o atacante estava "um pouco ansioso - como definiu em entrevista à TVE no intervalo", por vestir-se de blanquinegro pela primeira vez.

Até o momento, mesmo com poucos minutos disputados, El Matador tem prestígios com a torcida: em uma enquete do Superdeporte, perguntado se seria certo dar a titularidade a Jonas, a opção "sim, pois é o melhor jogador para substituir Aduriz à altura no elenco" vence com uma disparidade de 91%. Contra o Sporting Gijón, os aficionados ché ovacionaram o brasileiro quando este entrara em campo no lugar do ex-Mallorca. A cada toque de bola, aplausos vinha das arquibancadas. Após o jogo, o brasileiro definiu o momento "como ruim pelo empate, mas magnífico por sua estreia - positiva. Em um quarto de hora que jogou levou por duas vezes perigo ao gol de Cuellar, que defendeu um taconazo do 18 ché aos 93 minutos.

Contra o Athletic Bilbao, num jogo importantíssimo para o Valencia cravar sua vaga na próxima Liga dos Campeões, o brasileiro será titular, mas ainda não sabe se terá um companheiro ao seu lado (Soldado) ou se será o único atacante. No Grêmio, Jonas muitas vezes jogou no 4-2-3-1 e sentiu-se bem em campo, apesar do isolamento lá na frente. Nos treinos desta semana, Unai testou um 4-4-2 a rombo, com Pablo municiando Soldado e o brasileiro. Apesar da chance de ser titular, El Matador vir justo com uma lesão de Aduriz, o brasileiro mostrou solidariedade, ao desejar força ao atacante, a quem definiu como um dos melhores desta Liga Espanha. Com prestígios de sobra, a saga de Jonas no futebol espanhol está apenas começando.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Menos um espanhol

O Sevilla crescia na partida, mas Alexis jogou tudo por água abaixo (demotix images)

Nos dois jogos envolvendos equipes espanholas na Liga Europa, apenas um sobreviveu: o Villarreal venceu heróicamente de virada o Napoli, no El Madrigal, e manteve vivo o sonho de conquistar seu primeiro título em sua curta história. O Sevilla, por sua vez, deu "adeus" à temporada após vencer o Porto em Portugal por 1 a 0, mas ser eliminado no critério de desempate (havia sofrido dois gols na Andaluzia).

No estádio do Dragão, mesmo necessitando da vitória por dois gols de diferença, Manzano surpreendeu em sua escalação: preferiu ir a campo com um esquisitíssimo 4-2-3-1, com Kanouté fazendo o papel de enganche e Negredo como o atacante de referência. Escalado no 4-3-3, com Hulk e Varela aberto pelos lados do campo, o Porto comandou as ações durante boa parte do jogo, à exceção dos últimos vinte minutos, quando Luis Fabiano abrira o placar e o Sevilla passara a acreditar na classificação.

Após ter sua vida infernizado por Hulk durante o primeiro tempo inteiro, Sergio Sánchez deu lugar ao Fabuloso em uma troca de "tudo ou nada" de Manzano. O brasileiro mostrou por que foi uma opção para lá de infeliz de Gregório colocá-lo no banco em um jogo decisivo: o brasileiro recebeu bom passe de Negredo, livrou-se de Otamendi e bateu firme à meta de Helton paraabrir o placar para o Nervionenses. Após o tento, tudo parecia conspirar a favor dos rojiblancos da Andaluzia, com a expulsão de Álvaro Pereira, mas Alexis colocou tudo por água abaixo: após cometer falta boba em Hulk, o ex-Valencia recebeu o segundo cartão amarelo e foi expulso, justamente no momento em que o Sevilla pressionava em busca do gol da classificação.

Nos minutos finais, Hulk, principalmente, e Guarín tiveram duas ótimas oportunidades de matar a classificação, mas pararam nas mãos de Javi Varas, o melhor em campo. O canterano vai sendo essencial na ausência de Palop e, a cada jogo, vai ganhando a confiança de Manzano e dos aficionados. Agora, resta ao Sevilla concentrar suas forças na Liga BBVA, onde a equipe terá um duelo decisivo nesta semana: encara o Atlético de Madrid no Vicente Calderón, em jogo que pode definir uma das três vagas para a próxima Liga Europa.

No El Madrigal...

Nilmar marcou seu primeiro tento em 2011 e o Villarreal conseguiu uma virada histórica ante o Napoli (AP Photos)

... o Villarreal sai atrás do marcador, mas, na raça, foi atrás do resultado e virou a partida, garantido vaga nas oitavas-de-finais da competição europeia. Jogando no 4-4-2 com dois meias abertos pelo flancos, ao invés de um meio-campista a rombo, como vem jogando em boa parte na temporada, os amarillos começaram impondo muita velocidade pelos lados.

Aos 15', porém, um verdadeiro banho de água frio nos aficionados castellonenses: Hamsik apareceu sozinho dentro da área, mergulhou de cabeça e fez 1 a 0 para o Napoli. Em êxtase, os tifosi napolitanos exageraram na celebração e acabaram caindo um sobre os outros derrubando o pequeno alambrado do estádio El Madrigal que os separavam do gramado. De acordo com relatos da imprensa europeia, alguns torcedores se feriram, sendo rapidamente atendidos por médicos e encaminhados a hospitais.

Ainda no primeiro tempo, orquestrados por um mágico Borja Valero, aos 43', Nilmar aproveitou bobeada de Cribari e empatou a partida, marcando seu primeiro tento em 2011. A igualdade no placar colocou fogo na partida, já que os napolitanos seguiam com a classificação em mãos, mas apenas pelos gols marcados fora de casa. A esperança, porém, foi dizimada logo em seguida, aos 45', pelo italiano Rossi. Com 2 a 1 no placar, o Villarreal aproveitou a esfriada do intervalo para tomar as rédeas da partida.

No retorno para a etapa final, mesmo com o apoio de sua torcida, o Villarreal não conseguiu impor seu futebol e sofreu uma forte pressão do Napoli, que acertou a trave espanhola em quatro oportunidades. Após segurar o resultado, o Submarino Amarelo conseguiu avançar de fase e terá pela frente o Bayer Leverkusen nas oitavas.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Promessas: Jon Aurtenetxe

Aurtenetxe recebe instruções de Caparrós. O lateral é uma das grandes revelações da Liga Espanhola desta temporada (AS)

Revelar costuma ser uma das especialidades do Athletic Bilbao, já que o clube aceita somente jogadores que nasceram no País Basco e, por essa razão, precisa de uma categoria de base forte para que haja uma renovação continua e qualificada. Nos últimos anos, a história tem sido a mesma. Nomes badalados como Iker Muniaín e Mikel San Jose já não são mais novidade para quem acompanha o dia a dia do futebol espanhol e, na temporada 2010/11, é a vez do lateral esquerdo Jon Aurtenetxe se firmar no time titular.

Zagueiro de origem, Aurtenetxe aos poucos se adaptou à lateral. A habilidade com a bola nos pés, as participações ativas nos jogos, a boa altura (1,82m) e um preparo físico invejável fizeram dele uma das principais peças da equipe. Desde o fim de dezembro, porém, o jogador de 19 anos passa por um processo de recuperação após uma luxação no ombro direito e ficará longe dos gramados por algum tempo. Com a certeza de que, se mantiver o nível quando voltar, recuperará facilmente o seu lugar.

Nascido em 1992 na cidade de Amorebieta, pequeno município com cerca de 18 mil habitantes localizado na província de Biscaya, na região Basca, Aurtenetxe deu seus primeiros chutes aos 10 anos de idade no clube homônimo de sua cidade natal. Por lá, ficou apenas uma temporada. No segundo semestre de 2002 fez foi levado ao Athletic Alevin B – uma espécie de categoria pré-mirim do Athletic Bilbao. A partir de então, começou a criar uma história de identificação com o clube. Até 2010, o jogador esteve nas “canteras” do Bilbao e, aos 16 anos, ganhou espaço no time juvenil A. O amadurecimento veio com os torneios disputados neste período nas divisões inferiores. Entre essas competições estaque para o vice-campeonato da Copa do Rey Juvenil 2008/2009 e o título da mesma competição na temporada seguinte, comemorado especialmente por ter derrotado o todo poderoso Real Madrid na final, por 2 a 0.

Apesar de ter sido um dos destaques juvenis do time basco, Aurtenetxe ainda não chamava muito a atenção. Na época da convocação para o Mundial Sub-17, que seria disputado na Nigéria em 2009, o lateral esquerdo estava longe de ser o jogador mais badalado da equipe. A seleção espanhola, então comandada pelo técnico Gines Melendez, tinha como principais estrelas o meia e capitão Koke, o zagueiro Marc Muniesa e os atacantes Borja Gonzalez e Pablo Sarabia, além, é claro, de Iker Muniaín, que já treinava nos profissionais do Athletic Bilbao desde os 14 anos.

Era uma seleção fortíssima, apontada pela imprensa esportiva internacional como uma das candidatas ao título. Com tantos jogadores já tratados como estrelas, Aurtenetxe ficou em segundo plano, mas cumpriu suas funções com eficiência. Aproveitou as oportunidades dadas por Melendez e fez um bom Mundial, jogando cinco das sete partidas da equipe no torneio como titular. Coadjuvante, apareceu na hora decisiva da competição, mostrando personalidade ao converter sua cobrança na decisão por pênaltis contra o Uruguai, ajudando a Espanha se classificar às semifinais, fase na qual foi eliminada pela Nigéria. As boas atuações entre os selecionados levaram Aurtenetxe a ser promovido à equipe principal dos leones na temporada seguinte. O Athletic Bilbao não conseguia resolver o problema da lateral esquerda, e o técnico Joaquín Caparrós já não confiava mais nos jogadores que tinha à mão naquele momento. O outrora promissor Mikel Balenziaga, por exemplo, foi dispensado do clube e hoje milita na segunda divisão espanhola.

O sucesso no Mundial Sub-17 fez o então juvenil Aurtenetxe, ser chamado no fim de 2009 por Caparrós para compor o elenco principal do Athletic na partida contra o Werder Bremen-ALE em casa, no Estádio San Mamés, pela Liga Europa. A partir daí, ele passou a alternar participações entre os times A e B no começo de 2010 e, pouco a pouco, foi ganhando espaço. O técnico do Bilbao sabia que poderia contar com ele a qualquer momento para suprir as necessidades da sua equipe e, a partir do início da temporada 2010/11, o atleta foi promovido definitivamente para atuar entre os profissionais do clube.

Já no começo da temporada, Aurtenetxe foi convocado para a seleção espanhola sub-19, o que desagradou Caparrós, pois ele já era visto como peça importante da equipe e perderia boa parte da pré-temporada. Os Leões só puderam contar com o atleta a menos de 1 semana da estreia contra o Hércules pelo Campeonato Espanhol. Foi também o primeiro jogo do lateral pelo clube oficialmente em um torneio doméstico.

Até o fim de dezembro, o camisa 29 participou de 13 partidas, sendo dez pelo Campeonato Espanhol, duas na Copa do Rei e um jogo pela Liga Europa. O suficiente para demonstrar-se um bom marcador que às vezes pode fazer a função de zagueiro ou mesmo volante em alguma emergência. Além disso, já fez uma assistência do Athletic nesta temporada, porém ainda não conseguiu marcar o primeiro tento pela equipe como profissional. Como defeito, pode-se dizer que ele às vezes abusa um pouco das jogadas violentas.

O curioso é que dentre os jogadores que fizeram parte do Mundial Sub-17, o lateral esquerdo foi o primeiro atleta a conquistar tal status de titular em seu clube, enquanto os mais “paparicados” ainda aguardam oportunidades. A exceção é Muniaín, que atua com frequência, mas não figura no onze inicial na maioria das partidas. O bom trabalho, que chamou até as atenções de dirigentes de Manchester United, Barcelona e Real Madrid, foi interrompido pela lesão. Mas é certo que Aurtenexte já deixou boa impressão e caminha para ser um dos grandes laterais esquerdos do futebol espanhol, assim, sem muito alarde.

Jon Aurtenexte
Nome: Jon Aurtenetxe Borde
Data de Nascimento: 03-01-1992
Local: Amorebieta, Vizcaya-ESP
Clubes que defendeu: Amorebieta-ESP e Athletic Bilbao-ESP

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Pós-jogo: Lyon 1x1 Real Madrid

Benzema entrou em campo, aplaudido, e, no primeiro toque na bola, marcou o primeiro gol da história do Real Madrid em Lyon (AP Photos)

Texto de Filipe Papini, do Brasil Lyonnais

Depois de muito tempo aguardando, eis que Lyon e Real Madrid finalmente se encontram novamente. O duelo tão aguardado pelos dois times, finalmente estava prestes a acontecer no Stade Gerland. O clube espanhol tinha uma missão: tentar fazer um bom resultado em casa e evitar de tomar gols, uma vez que sua vantagem em casa é enorme sobre o comando de Mou. Por outro lado, o Lyon buscava um jogo no ataque para tentar liquidar a partida na primeira rodada e arrancar um empate no segundo duelo, assim como fez na temporada passada.

O time de Puel entrou sem segredos. Algumas alterações táticas e nada mais, além disso. O responsável por substituir Licha, acabou sendo mesmo Delgado. No setor defensivo, Réveillère atuava quase como um zagueiro, evitando as jogadas individuais de Cristiano Ronaldo. Toulalan ficava na sobra. No lado de Mourinho, ele realmente entrou com certa cautela. Decidiu por colocar Marcelo no banco e entrou com Arbeloa, responsável por segurar as subidas de Bastos. Kaká e Benzema também começaram o duelo no banco. O técnico português contava com seus homens de frente para fazer a diferença com a bola no pé.

Logo nos primeiros 10’, o Lyon mostrava que procurava fazer valer sua vantagem. César Delgado, em jogada pela ponta direita, sofreu falta de Sérgio Ramos. Era o primeiro amarelo do jogo. Na cobrança, Gourcuff cobrou e a zaga afastou. No bate-rebate, Cris emendou e quase marcou de bicicleta. Com um jogador amarelado, Puel fez questão de inverter Michel Bastos. Agora ele caia pelo lado esquerdo, na tentativa de forçar jogadas em cima de Ramos. O Lyon era ligeiramente melhor em campo e mais organizada no meio. Enquanto o Real Madrid esperava um erro para agilizar um contra-golpe em rapidez. Aos 25’, do primeiro tempo, o goleiro Lloris não tinha sequer encostado na bola, enquanto Casillas teve que trabalhar em algumas oportunidades.

A primeira boa chance dos Merengues surgiu só aos 31’, quando Cristiano Ronaldo cobrou falta da intermediária, mas ainda sim, Lloris defendeu com certa tranqüilidade. A partir daí, o Real começava a gostar do jogo e já tomava espaços na defesa do OL. Mas ainda assim, o jogo tomava proporções emocionantes. Aos 34’, foi a vez do Lyon ligar seu contra-ataque e chegar na velocidade de Bastos. No lançamento pra área, o brasileiro não achou ninguém, mas Casillas saiu errado e entregou nos pés de Gomis. No entanto, o centro-avante francês errou por muito e chutou de maneira bisonha.

No fim do primeiro tempo, o Real Madrid até conseguiu criar algumas coisas, principalmente com Di Maria e Adebayor, que se movimentavam bastante. Cristiano Ronaldo e Özil tiveram uma primeira etapa bastante apagada, não por apatia, mas sim por estarem muito bem marcados. Definitivamente o Lyon poderia ter saído do primeiro tempo com a vitória. Não o fez por falta de capricho e algumas vaciladas do ataque, mas certamente jogou mais bola que o time de Mourinho.

No intervalo, parece que o professor Mou deu uma dura em sua turma. O Madrid voltava melhor do que foi na primeira etapa. Logo aos 48’, após vacilada de Michel Bastos, Di María roubou-lhe a bola pela direita e sofreu falta. Amarelo para o brasileiro, que fica suspenso para o jogo de volta. Na cobrança, Cristiano Ronaldo tentou cruzar, mas acabou acertando a segunda trave de Lloris. A bola já tinha passado por todo mundo. No lance seguinte, a segunda bola no travessão. Dessa vez foi Sérgio Ramos quem quase abateu Lloris, após bom cruzamento de Özil. Aos 64’, Karim Benzema, muito aplaudido pelos torcedores no Gerland, entra em campo no lugar de Adebayor. Em seu primeiro lance, em um misto de raça com a qualidade do ataque, o francês, ex-jogador do Lyon, abre o placar em um belo lance dentro da área. Deixou metade da defesa adversária no chão e marcou com a bola chorando para não entrar. Acaso do destino. O bom filho marcou contra seu progenitor. Real Madrid 1 a 0.

O placar era reflexo da competência que faltou ao Lyon. Se no primeiro tempo o time de Puel não teve a capacidade de fazer, enquanto jogava melhor, o time de Mourinho fez isso no segundo tempo e ainda assim buscava o segundo. A entrada de Benzema permitiu o time Merengue jogar com mais tranqüilidade. Mou trocou Khedira por Lass e posteriormente Marcelo por Özil. A alternativa de Puel foi fazer duas trocas ao mesmo tempo. Jérémy Pied e Jimmy Briand entraram nos lugares de Michel Bastos – que já não jogava tão bem como no início – e César Delgado. Cinco minutos depois, foi a vez de Källström deixar o campo para a entrada de Pjanic. Puel arriscava e buscava um jogo mais avançado, tentando quebrar a barreira defensiva que Mourinho armou. Aos 82’, tudo parecia estar perdido, o Lyon arrumou uma falta na intermediária. Gourcuff foi pra cobrança, enquanto Claude Puel pedia o time quase que inteiro na área. Na área, Cris escorou de cabeça e entregou nos pés de Bafé Gomis, que só teve o trabalho de empurrar. Era o Lyon empatando o jogo, em casa, para o delírio de sua torcida.

Após o gol do OL, o time cresceu em campo. Jogava na base do abafa e dos passes longos. Até conseguiu criar algumas jogadas, mas os ataques puxados por Briand e Pied não tinham qualidade para chegar até a meta de Casillas. Mas ainda assim, o Lyon pressionou até o último instante da partida.

O resultado foi justo pelo contexto geral da partida. Os Gones até poderiam ter marcado no primeiro tempo e não soube fazer isto. Já o Real, conseguiu, mas cochilou no momento do gol adversário. Mourinho provavelmente saiu satisfeito com o empate, e Puel também, uma vez que, nas atuais circunstâncias, o resultado foi até favorável pelo que o time apresentava na segunda etapa. Sem Michel Bastos e com Lisandro em dúvida, o OL perde muito em seu setor ofensivo. É preciso colocar os preparadores fiscos em observação especial a Ederson, para ver se colocam o brasileiro para atuar no jogo de volta, que promete também ser pegado.

Lyon 1x1 Real Madrid
Lyon: Lloris; Reveillere, Cris, Lovren e Cissokho; Toulalan, Gourcuff e Kallstrom (Pjanic); Michel Bastos (Briand), César Delgado (Pied) e Gomis.
Real Madrid: Casillas; Sérgio Ramos, Pepe, Ricardo Carvalho e Arbeloa; Xabi Alonso, Khedira (Lass Diarra), Di María, Özil (Marcelo) e Cristiano Ronaldo; Adebayor (Benzema).
Árbitro: Wolfgang Stark (ALE)
Cartões Amarelos: Cris, Michel Bastos e Pied (Lyon); Sérgio Ramos, Di María e Casillas (Real)

Veja também
Valencia 1x1 Schalke 04
Arsenal 2x1 Barcelona

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Prévia: Lyon x Real Madrid

Na temporada passada, o Lyon fez a festa no Bernabéu e eliminou o Real Madrid. A cena se repetirá? (AP Photos)

Desde que o sorteio da Champions foi realizado, e colocou frente a frente Real Madrid e Lyon no mesmo caminho, o discurso em Chamartín não é outro senão passar das oitavas de finais. Desde 2004-05 sem avançar de fase na principal competição europeia, os aficionados merengues têm em José Mourinho a confiança que faltava para enfim passar para as quartas após um bom tempo. O Lyon, por sua vez, chega embalado pelo ótimo retrospecto ante os merengues: em seis confrontos, foram três vitórias e três empates, além da eliminação na Champions da temporada passada. Atuando no Gerland, o Lyon nunca na história sofreu um gol do Real Madrid.

Avançará de fase o Real Madrid de José Mourinho, que chegou a encantar o mundo durante três meses, ou o Lyon, verdadeira pedra no sapato dos merengues? Como já foi feito na prévia de Arsenal x Barcelona com o Ortodoxo e Moderno, contaremos com a ótima colaboração de Filipe Papini, autor do blog Brasil Lyonnais. Confira a prévia de Lyon x Real Madrid e depois, nos dois endereços, o resumo do embate.

A temporada até aqui
Lyon: O discurso do treinador Claude Puel, no início da temporada, era de que a Ligue1 seria prioridade e a Liga dos Campeões apenas uma consequência. Definitivamente o técnico gostaria de voltar a ganhar a competição nacional e deixou o torneio internacional de segundo plano. Com esse pensamento, o Lyon não começou fazendo uma boa temporada. Parecia desligado. Tropeçou contra times considerados pequenos, do porte de Caen, Valenciennes e Arles-Avignon. Gourcuff chegou a peso de ouro e não resolveu o problema de armação do time. Na zaga, o mesmo imbróglio. Diakhaté se apresentou com pompa para assumir a titularidade e foi muito irregular nas chances que teve. Na janela de inverno, não contratou ninguém e perdeu o volante Makoun. Mas com o passar do tempo, finalmente Puel acertou o time e com Bafé Gomis assumindo a titularidade no lugar de Briand, o OL ganhava um centro-avante e um estilo de jogo mais inteligente e arrumado. Atualmente, o próprio Gomis é o artilheiro do time na competição e finalmente o Lyon vai se encontrando na competição. Nos últimos dois jogos marcou oito gols, com direito a goleada no seu principal rival – Saint-Étienne. Terminou a 24ª rodada na quarta colocação, com apenas quatro pontos de diferença do líder Lille. Na Liga dos Campeões teve um grupo conturbado e passou em 2º, ficando atrás do Schalke 04. A única atuação convincente do time na competição internacional, foi uma vitória por 2 a 0 contra os portugueses do Benfica, em casa.

Real Madrid: Invictos durante três meses na temporada, o Real Madrid vinha liderando a Liga Espanhola e passando por cima de seus adversários na Champions (com vitórias convincentes ante Milan e Ajax), mas voltou a sucumbir no superclássico contra o Barcelona, principal ponto de mudança na postura da equipe. A partir daí, a relação entre Mourinho e Valdano, dirigente do time, passou a se azedar por um único motivo: a contratação de mais um centroavante. Sem Higuaín por seis meses (que operou o joelho), Valdano defendia a tese de que Benzema poderia ser mais utilizado para mostrar serviço, enquanto que Mou passou a não confiar mais no francês, que vinha recebendo muitas chances, mas não conseguia aproveitá-las. Durante janeiro, Kaká retornou, mas ainda não conseguiu cavar um lugar no time titular, apesar do bom jogo contra a Real Sociedad, e Adebayor acabou contratado. Nesse mês, o futebol do Real Madrid caiu muito de produção, graças ao cansaço decorrente da maratona de jogos. Na Liga Espanhola, a diferença entre Barcelona e Real Madrid diminuiu para cinco pontos após os blaugranas tropeçarem ante o Sporting Gijón. Na Copa del Rey, o Real Madrid volta à final após nove temporadas longe dela e terá um duro desafio: enfrentará o arquirrival Barcelona, no Mestalla.

Pontos Fortes
Lyon: A maior arma do OL é definitivamente o ataque. Com destaque especial a Michel Bastos e Lisandro Lopéz que fecham com meio-campo com Gourcuff no tradicional 4-2-3-1. No entanto, Infelizmente, para os torcedores franceses, o argentino não vai atuar contra o Real Madrid, devido a um rompimento do tendão da perna esquerda. As funções de Licha devem ser assumidas por César Delgado ou Jimmy Briand. Normalmente, Delgado deveria assumir, mas Briand teve uma atuação de gala frente ao Nancy, na última sexta-feira, inclusive marcando um belo gol de voleio. Puel deve decidir entre os dois, com Jérémy Pied correndo por fora. A forma de jogar do ataque do OL é bem tradicional: Sempre são incursões pelas pontas, e quando chega à linha de fundo, a bola sempre procura Gomis, que faz sua função de pivô e escora pra Gourcuff ou Toulalan chegarem do meio. A partir daí, a bola sempre é passada para o outro lado do campo, com o winger pronto para arrematar. A jogada ensaiada vem funcionando já não é de hoje.

Real Madrid: O meio-campo. Na linha de três da meiuca, Di Maria, Özil e Cristiano Ronaldo deram conta do recado durante o primeiro semestre, com um futebol rápido, inteligente e coletivo. Com o retorno de Kaká, tem sido frequente as rotações de Mourinho nessa parte da equipe, mas o técnico de Setubal parece ter achado a maneira certa de escalar o meio: contra a Real Sociedad, Mou centralizou Kaká e deixou Özil aberto na direita. Resultado: o brasileiro e o turco-alemão foram os melhores em campo e o Real Madrid venceu por 4 a 0. É possível que Mourinho repita essa fórmula no jogo em Gerland, mas o retorno do bom futebol de Di María tem dado uma dor de cabeça no técnico de Setubal, que comemora o fato de ter ótimos jogadores ofensivos, mesmo tendo que deixar pelo menos um deles no banco de reservas. A ênfase no conjunto é algo bastante prezado por Mourinho, que trabalhou para construir uma mentalidade coletiva e de sacrifício por pontos sempre valiosos. O resultado se verifica em campo: os jogadores parecem cada vez mais determinados a buscar resultados, deixando de lado as situações adversas e a apatia que permeava o time de anos atrás.

Pontos Fracos
Lyon: O principal problema do Lyon está vigente há algum tempo. Desde a saída do zagueiro Squillaci, o brasileiro Cris não possui alguém de confiança para atuar ao seu lado. Alguns jogadores já apareceram por ali e nenhum se firmou. Até os volantes Toulalan e Gonalons já jogaram improvisados e também não deram conta do recado. No meio da última temporada, o jovem croata, Dejan Lovren, chegou do Dinamo Zagreb com pompa de ser a solução do problema. Nos seus primeiros percebeu-se que o discurso estava equivocado. O zagueiro falhou diversas vezes e se mostrou imaturo. O presidente Jean-Michel Aulas precisou correr contra o tempo para contratar Pape Diakhaté, para a atual temporada. O jogador estava no Dinamo de Kiev, se apresentou para tentar resolver o problema, e também foi um fiasco. Atualmente, Lovren é o titular, mas já não é tão estabanado como de outrora, entretanto, certamente é um espaço que o Real pode explorar. Outra ponto fraco dos Gones é a volância. Toulalan certamente é um ótimo jogador, mas atua praticamente sozinho. Källström, que deveria o auxiliar, é um elemento surpresa que sobe muito, tanto pelo centro, quanto pelo lado esquerdo. Quando o adversário chega em contra-ataque, apenas Toulalan fica como cão de guarda e em algumas ocasiões a situação fica complicada por ali.

Real Madrid: Numa equipe com tantas qualidades e repleta de grandes valores é difícil detectar um ponto fraco. Mas até aqui, as laterais ainda preocupam. Ainda que o futebol de Marcelo tenha evoluido bastante, o brasileiro ainda carece na marcação. Sergio Ramos vive uma temporada de altos e baixos e não consegue mostrar a segurança de duas/três temporadas atrás. Outro fato que tem prejudicado a equipe é a inconsistência de suas atuações em 2011. Capaz de aplicar goleadas históricas - como fez nos 8 a 0 contra o Levante, na Liga - os blancos também são donos de tropeços contra equipes da zona de rebaixamento - como no empate contra o Almería, na Andaluzia.

Expectativas
Lyon: A única mudança no time, em relação à temporada passada, é o nome de Yoann Gourcuff no meio campo, no lugar de Miralem Pjanic. Certamente é um ganho que o Real Madrid ainda não conhece e pode ser o diferencial. No entanto, a ausência de Lisandro, de última hora, pode complicar o estilo de jogo do Lyon. Independente do jogador que entrar na vaga de Licha, a qualidade do ataque dos Gones não será a mesma. A postura que o OL tem em campo na Ligue1 é totalmente diferente daquela da Liga dos Campões. No torneio internacional, o grupo de Puel tem muito mais vontade, raça e disposição do que nos jogos nacionais. Lisandro era o principal condutor dessa garra. Era o sinônimo de energia. Não sabemos o que passa pela cabeça de Claude Puel, mas é provável que o treinador busque uma vitória em casa, sem tomar gols, para depois tentar ao menos um empate no Bernabéu. Parece óbvio, entretanto não deve ser tão fácil como das outras vezes. E pra finalizar, a torcida do Lyon terá novamente a oportunidade de ver Karim Benzema jogando no Gerland.

Real Madrid: Diferentemente da temporada passada, onde gastou além das contas, o mercado do Real Madrid foi cirúrgico, mas trouxe jogadores que soube fixar seu lugar no time titular (à exceção de Canales e Pedro Leon). A principal contratação não joga, mas deu jeito no time. José Mourinho já chegou mudando a equipe e estruturou o Real Madrid num 4-2-3-1, com uma defesa bem sólida que as anteriores, formada por Ricardo Carvalho e Pepe, e uma linha de três extremamente ofensiva no meio-campo, formada por Özil, Di Maria e Cristiano Ronaldo. Cair novamente nas oitavas de finais da LC definitivamente não está nos planos da equipe de Madrid. Mourinho leva tão a sério a partida, que chegou a não treinar a equipe para ir à França acompanhar um jogo do Lyon. O otimismo é grande, mas os jogadores dão mostras que o duelo será bastante parelho.

Prováveis escalações
Lyon: Lloris; Réveillère, Cris, Lovren, Cissokho; Toulalan, Källström; Michel Bastos, Gourcuff, Delgado (Briand); Gomis.

Real Madrid: Casillas; Sergio Ramos, Raúl Albiol, Ricardo Carvalho, Marcelo; Khedira, Xabi Alonso; Özil, Kaká (Di María), Cristiano Ronaldo; Adebayor (Benzema).

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Resumo: 24ª rodada (2ª parte)

No jogo de número 250 de Messi com a camisa azulgrená, o argentino, até então tímido, decidiu e manteve os cinco pontos de vantagem do Barcelona ao Real Madrid (reuters)

Na segunda parte da 24ª rodada, o Barcelona suou para vencer o Athletic Bilbao e quando já lamentava por mais um tropeço, apareceu Messi para decidir e manter os cinco pontos de vantagem para o Real Madrid. Outros jogos de destaque aconteceram na Andaluzia e em Pamplona: o Sevilla se recuperou da derrota para o Porto na Liga Europa e aproveitou o tropeço do Espanyol ante o Osasuna, que goleou os blanquiazules por 4 a 0. Confira a segunda parte do resumo da rodada.

Barcelona 2x0 Athletic Bilbao
Conquistar os três pontos contra os leones foi mais suado do que o esperado. A vitória suada evidencia os problemas que o Barcelona passa no mês de fevereiro desde que Guardiola assumiu o comando técnico do time. Antes do jogo, a notícia negativa: Víctor Valdés sentiu desconfortos no joelho esquerdo e foi descartado para a partida. O pior veio quase uma hora depois: os primeiros exames médicos indicaram um tempo de um mês e meio para tratar, o que pode fazer Valdés perder o jogo contra o Arsenal. Pinto, seu substituto, fez uma boa partida hoje, e evitou um gol de Llorente na primeira etapa com um grande estilo.

A partida não poderia começar melhor para o Barcelona: logo nos primeiros minutos, Xavi lançou Daniel Alves - em posição irregular - e o brasileiro ajeitou para Villa, que veio de trás e, de canhota, jogou no canto esquerdo de Iraizoz. Porém, o Athletic Bilbao ofereceu uma bela imagem e não deixava o Barcelona chegar com tanto perigo. Caparrós foi esperto e conseguiu anular Messi, não deixando-o dominar a bola perto da área. Desse jeito, o Barcelona teve seu ímpeto diminuído na primeira etapa. Na segunda etapa, o Athletic Bilbao logo deu o banho de água fria nos aficionados culés: após pênalti bobo cometido por Busquets, Iraola converteu e empatou o marcador. A partir daí, Caparrós recuou todo seu time, mas o Barcelona conseguiu quebrar o muro rojiblanco: Daniel Alves, novamente, foi lançado na direita e ajeitou para Messi, de direita, tocar para as redes de Iraizoz.

A arbitragem de Ramírez Domínguez foi bastante controversa. Além da posição irregular de Daniel Alves no primeiro gol blaugrana, o árbitro deixou de marcar um pênalti em cima de Messi e um sobre Amorebieta. Hoje o Barcelona conseguiu levar os três pontos, mas o alerta fica ligado: os próximos dois jogos serão contra Mallorca e Valencia, no Ono Estadi e no Mestalla, respectivamente. No lado basco, a vaga na Champions League ficou complicado após o resultado adverso, já que agora a diferença é de oito pontos. Talvez se Caparrós tivesse tido uma postura mais agressiva, lançando mão de mais um zagueiro para pôr Muniaín desde o início do jogo, os leones poderiam ter saído do Camp Nou com os três pontos.

Sevilla 1x0 Hércules
Importante triunfo do Sevilla frente a um voluntarioso e valente Hércules que permite ao conjunto hispalense subir para a sétima posição e já começar a pensar na sexta colocação - com o tropeço do Espanyol, a diferença é apenas de quatro pontos. O único gol da partida foi marcado por Rakitic, em uma bela jogada construída: Luis Fabiano iniciou a jogada com um belo passe para Negredo, que ajeitou com os peitos para Rakitic chegar chutando contra a meta de Calatayud. A melhora do jogo nervionense não foi só na parte ofensiva: a sua defesa hoje fora muito bem e conseguiu anular jogadores como Trezeguet e Thomert. Há de se corrigir apenas a bola alçada à área, que ainda faz o Sevilla passar por apuros. Apesar da alta posse de bola, o Hércules não foi adversário suficiente para tirar pontos do Sevilla. O que preocupa o técnico Esteban Vigo é a ineficiencia do time nos jogos fora do Rico Pérez: desde 24 de outubro os blanquiazules de Alicante não sabem o que é comemorar um gol fora de seu estádio.

Osasuna 4x0 Espanyol
A estreia de José Luis Mendibilar no comando técnico do Osasuna não poderia ter sido de forma melhor. Jogando de maneira atraente, compacta, os rojillos impuseram ao Espanyol uma sonora goleada por 4 a 0 e se afastou da zona de rebaixamento. O cenário blanquiazul já começa a adquirir cenas de crise: sem vencer há quatro partidas, o Espanyol vê a tão sonhada vaga na Uefa Champions League se distanciar e, além disso, a vaga na Liga Europa passar a ficar ameaçada, com as vitórias de Sevilla e Atlético de Madrid. A vitória veio em três lances de bola parada, três escanteios, todos eles cobrados por Calleja, aposta do novo técnico. Os gols sofridos escancaram a má fase da zaga catalã, que, após as saídas de Víctor Ruíz e Didac Vilà, não tem se achado mais. Hoje, Amat, Duscher e até Kameni foram desastrosos. Para o segundo tempo, Pochettino tentou mudar o rumo da partida e promoveu as entradas de Dátolo e Javi López. O ímpeto cresceu, mas a carência defensiva da equipe foi fundamental para o resultado: três dos quatro gols saíram na segunda etapa.

Villarreal 1x1 Málaga
O Villarreal mandava nas ações da partida e deixou de matar o jogo. Nilmar sofreu pênalti não assinalado por Teixera Vitienes e, no contra-ataque, Sebá empatou o jogo para o Málaga. Esse foi o cenário da partida. Escalado no 4-3-3, o Submarino Amarelo teve a partida nas mãos, mas pecou ao extremo nas finalizações e sofreu o castigo no final. Garrido surpreendeu na escalação ao deixar Cazorla no banco, apostando por um tridente formado por Nilmar, Rossi e Rubén. O brasileiro fez uma boa partida, mas teve três oportunidades de matar o jogo e acabou desperdiçando. Com a lesão de Asenjo, o Málaga teve que buscar o goleiro Caballero na Liga Adelante (pertencia ao Elche) e o goleiro não decepcionou: hoje, o guardameta foi o melhor em campo e pode ser considerado o principal responsável pela não-derrota blanquiazul. A equipe de Pelegrinni realizou um encontro discreto no ataque e ainda permanece na última posição. O resultado não foi nada digerido por Garrido, que afirmou que seu time merecia ter saído de campo com a vitória. Com o resultado, os amarillos perderam a chance de retornar à terceira posição e não aproveitaram o tropeço do rival Valencia.

24ª rodada: Mourinho histórico

Mourinho em foco: treinador completou nove anos sem perder como mandante em competições nacionais na vitória do Real Madrid ante o Levante (getty images)

Nas abertura da 24ª rodada, o Sporting Gijón foi até Valencia e saiu de lá com um resultado comemorado: após frear o Barcelona no final de semana passado, os rojiblancos das Astúrias frearam também o Valencia no Mestalla e levaram um bom resultado para casa. Muito por causa da derrota do Zaragoza perante o Atlético de Madrid, que saiu da crise junto com seu ataque: Agüero, que não marcava havia seis partidas, decidiu a partida com um tento. Mas o destaque maior é para José Mourinho. Com a vitória merengue diante do Levante, o técnico de Setubal comemorou nove anos sem uma derrota sequer como mandante em competições nacionais. Veja o resumo dos jogos.

Real Madrid 2x0 Levante
A vitória por 2 a 0 do Real Madrid sobre o Levante não só significou mais três pontos para o time merengue na tabela de classificação, mas também uma marca importante para José Mourinho. O comandante português completou nove anos sem perder em casa por competições nacionais. São 179 jogos, 151 vitórias, aproveitamento de 90,5% dos pontos. A última vez que perdeu comandando um clube em seu estádio por Copa ou campeonato local foi no dia 23 de fevereiro de 2002. Com o Porto – derrotado nas Antas pelo Beira-Mar por 3 a 2.

Nas quatro linhas, Mourinho promoveu algumas mudanças na equipe. O técnico descansou Özil, Adebayor e Xabi Alonso (os dois primeiros entraram no final do segundo tempo) e mandou a campo Di María, Benzema e Lass Diarra. Sem Casillas, suspenso, o goleiro voltou a ser o canterano Adán, e não o polonês Dudek, que já não faz mais parte dos planos de Mou. O resultado foi construído nos 45 minutos iniciais: aos 6', Di María, melhor em campo, fez boa jogada pela direita e rolou para Benzema só empurrar para as redes. Com um Levante sem oferecer perigo nenhum, o Real Madrid comandava infinitamente as ações, mas os jogadores pareciam não estar muito focado na partida e pecavam nas finalizações. Até que, aos 43', o Real Madrid chegou ao segundo gol. Em jogada de portugueses, Cristiano Ronaldo cobrou falta e Ricardo Carvalho desviou dando números finais à partida.

Na segunda etapa, o Real Madrid apenas cozinhou o jogo, priorizando a posse de bola. José Mourinho ainda resolveu dar ritmo de jogo ao seus titulares e, dessa forma, Özil e Adebayor saíram do banco e substituíram Kaká e Benzema. No último lance, Adebayor chegou a marcar, após bela jogada de Özil pelo meio, mas Teixeira Vitienes assinalou uma falta e invalidou o lance. O Real Madrid agora tem dois pontos a menos que o Barcelona e joga toda pressão para os blaugranas, que tem um duro desafio contra o Athletic Bilbao. O Levante, por sua vez, está com alerta ligado: uma vitória de Málaga ou Almería hoje e os granotes voltam à zona de rebaixamento.

Valencia 0x0 Sporting Gijón (Victor Mendes)
No empate sem gols contra o Sporting Gijón, Unai Emery deixou o gramado vaiado. Por que será, afinal, que um técnico que consegue trabalhar bem com um elenco limitado como o do Valencia, fazendo a equipe assumir a terceira colocação, nunca foi uma unanimidade para a torcida? A resposta é simples: Unai não consegue promover um padrão de jogo ao time. Contra os asturianos, mandou a campo um 4-2-3-1, diferentemente contra o Schalke, quando jogou no 4-3-1-2, ou contra o Atlético de Madrid, quando jogou no 4-4-2 a rombo. O técnico implantou quatro sistema diferente em apenas uma semana e meia (variando do 5-4-1, passando por 4-2-3-1 e o 4-4-2 clássico). Em uma enquete do SuperDeporte, perguntando se é certo a variação no módulo, a opção "Não, pois confunde a equipe" vence com 89%.

Além da derrota, os Chés ainda receberam uma péssima notícia: após dividir uma bola com Ivan Hernández, Áduriz acabou levando a pior e fica de fora dos gramados por quatro semanas. O ex-Mallorca já é baixa certa no jogo da volta contra o Schalke e no big match (como tem tratado os afficionados blanquinegros) contra o Barcelona. A chance é de Jonas, que substituiu o atacante, e tem um mês para provar que foi uma boa contratação. Apesar de poucos minutos em campo, El Matador se movimentou bem e deu um chute a gol perigoso à meta de Cuéllar. Apesar de todas as críticas a Unai, a diretoria já avisou que irá renovar com o técnico caso o Valencia termine na terceira colocação. O alerta valenciano e de Unai está ligado: o Villarreal pode voltar à terceira colocação caso vença o Málaga por três ou mais gols.

Zaragoza 0x1 Atlético de Madrid
O gol de Agüero, aos 20' do segundo tempo, quebrou a racha negativa do Atlético de Madrid sem vitórias e a racha de um de seus atacantes: o tento de Kun foi o primeiro em sete partidas, mas Forlán ainda segue na pior. Esta foi a quinta partida consecutiva sem um golzinho sequer do atacante uruguaio, eleito o melhor jogador da última Copa do Mundo. Antes do gol, porém, Agüero desperdiçou duas ótimas oportunidades de abrir o placar. O Zaragoza entrou para se defender e poucas vezes procurou o jogo. Exemplo disso é que o melhor jogador maño na partida foi (acreditem) o goleiro Leo Franco, que apareceu bem pelo menos quatro vezes.

No 4-3-3 na segunda etapa, o Zaragoza se soltou, e Uche, Bráulio e Bertolo deram trabalho a Perea, Alvaro Domínguez, Ujfalusi e Antonio López. As melhores oportunidades saíram dos pés de Uche, que acertou dois chutaços na trave de De Gea. Até que Agüero resolveu decidir: Kuncito recebeu de Forlán, deixou Obradovic para trás e fuzilou as redes de Leo Franco. Na comemoraçao, homenagem ao filho Benjamin, que completou 2 anos ontem. A derrota foi a primeira do Zaragoza atuando no La Romareda em 2011. O Atlético de Madrid, apesar de todas as críticas, ainda sonha com uma vaga na Liga Europa: está a quatro pontos do Espanyol e na semana que vem tem um confronto decisivo contra o Sevilla, no Vicente Calderón.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Jogadores Históricos: Telmo Zarra

Zarra levantando seu sexto troféu de Pichichi: maior artilheiro da Liga Espanhola de todos os tempos (athletic-club.net)

Quando pensamos em artilheiro espanhol, é impossível lembrarmos somente de um. Do lendário Pichichi a Villa e Fernando Torres, passando por gente do quilate de Luis Suárez, Salinas e Raúl, chegamos a jogadores cuja capacidade de fazer gols era tão natural quanto movimentar-se em campo. Porém nenhum deles conseguiu marcar mais gols que um: Telmo Zarra. Maior artilheiro da história da liga espanhola (252 gols), da Copa do Rei (83 gols), do Athletic Bilbao (334 gols), recordista de gols em uma única edição da liga (38 gols na temporada, recorde apenas igualado por Hugo Sánchez) e jogador com mais Troféus Pichichi conquistados (6 taças ao todo).

Zarra nasceu na cidade basca de Erandio. Desde cedo esteve ligado ao futebol devido ao fato de seu irmão mais velho, Tomás, ser goleiro. Depois dos jogos pelo Arenas de Getxo, Tomás levava o pequeno Telmo para jogar futebol na praia. Influenciado pela família e sobretudo pelo irmão, iniciou sua carreira no modesto time de sua cidade natal, o Erandio, com 18 anos. Na época, o time estava na segunda divisão de uma Espanha recém saída de uma sangrenta guerra civil. A boa colocação do time no seu grupo chamou a atenção de olheiros do Athletic Bilbao que o viram em ação e imediatamente apresentaram uma proposta para ficar com o jovem artilheiro. Nada restou ao Erandio senão liberá-lo ao grande clube da capital basca.

No Athletic, Zarra justificou a fama de artilheiro desde seu primeiro jogo como titular: foi ele quem marcou os dois gols do time no empate contra o Valencia. E dois anos após sua estreia o Athletic levantava a taça de campeão da Liga, com uma linha de ataque que, além de Zarra, contava com Iriondo, Venancio, Panizo e Gainza. Para que se tenha uma ideia da qualidade do ataque bilbaíno, basta dizer que Zarra, Panizo e Gainza foram titulares da Seleção da Espanha durante a Copa do Mundo de 1950. Com este formidável ataque lembrado até hoje por seus torcedores, o Athletic consolidou-se na década de 40 como um dos principais times da Espanha. Logo após o título da liga, o clube conquistou quatro copas, nos anos de 1943, 44, 45 e 50. E Zarra, de gol em gol, acabou artilheiro da liga espanhola por quatro vezes, sendo três seguidas (1945, 46, 47 e 50). De tantos gols que marcava, sobretudo de cabeça, recebeu o apelido de “Melhor cabeça da Europa depois de Churchill”.

Com a fama cada vez maior, Zarra foi convocado pelo técnico Guillermo Eizaguirre para disputar a Copa do Mundo de 1950. No primeiro jogo da Copa, disputado contra os Estados Unidos, Zarra marca um gol na vitória por 3 a 1. No jogo seguinte, contra o Chile, Zarra marcou novamente na vitória por 2 a 0. Mas foi no último jogo do grupo, realizado no Maracanã e visto por mais de 70.000 pessoas, que Zarra atingiu o ponto máximo de sua carreira. O adversário era a poderosa Inglaterra, que devia se recuperar depois da histórica derrota para os Estados Unidos. O time inglês precisava ganhar para se classificar à fase final. Aos espanhóis, um empate bastava.

Aos 4 minutos do segundo tempo, Zarra recebe um passe de Gainza e chuta na saída do goleiro inglês, marcando o único gol do jogo (vídeo no fim do post). Foi o bastante para a comemoração enlouquecida do narrador Matías Prats, da Rádio Nacional da Espanha e de milhares de espanhóis. Era a primeira vez que a Espanha ganhava da Inglaterra num jogo oficial. Ao final do jogo, o ministro espanhol dos esportes enviou um telegrama ao ditador Franco que se tornaria célebre: “Vencemos a Pérfida Albion”. Com a classificação, a Espanha disputou o quadrangular final da Copa contra o Brasil, o Uruguai e a Suécia e terminou sua participação em quarto lugar, naquela que era a melhor participação espanhola em Copas do Mundo até o histórico título de 2010. Zarra terminou a competição com quatro gols.

Logo após a Copa, Zarra continuou sua brilhante carreira no Athletic, tendo sido o artilheiro da liga em mais duas ocasiões (1951 e 53). Em 1954, o Athletic lhe fez uma proposta para seu último ano no clube, já que suas pernas cobravam o preço dos efeitos das (muitas) entradas violentas dos zagueiros adversários. A promessa era ganhar 850 mil pesetas além do contrato e um jogo de despedida em sua homenagem. No entanto, as duas promessas não foram cumpridas. Assim, Zarra se desligou do Athletic e foi jogar no modesto Indautxu do mesmo País Basco. Na outra temporada, encerrou sua carreira no Baracaldo, da mesma região espanhola.

De temperamento extremamente tímido e introvertido, Zarra nunca se preocupou em cobrar a promessa feita pelo Athletic. Somente em 1996 o presidente do Athletic corrigiu a injustiça histórica e pagou o que era devido ao grande atacante. E somente pagou pois ocorreu um encontro casual entre ele e Zarra em um restaurante, que fez com que a dívida fosse lembrada por parte do presidente.

Outra passagem marcante envolvendo Zarra aconteceu em 1997. Depois de ter sido recebido pelo Papa João Paulo II, Zarra encontrou-se com o Rei Juan Carlos. Durante a conversa que teve com o monarca, Zarra lembrou-se emocionado quando, num jogo em Portugal, pegou o então menino Juan Carlos nos braços e lhe prometeu um gol. Juan Carlos então lhe respondeu que se lembrava desse momento com muita nitidez e que sempre guardou com imenso carinho essa lembrança. Foi o suficiente para o ex-jogador ir às lágrimas.

Três dias depois de seu falecimento, o Athletic, no minuto de silêncio, fez soar no Estádio San Mamés o hino do clube tocado ao piano. Ao término do hino, todo o estádio aplaudiu e homenageou Zarra. Em todos os estádios espanhóis naquela rodada de fevereiro de 2006 guardou-se respeitosamente o minuto de silêncio. No mesmo ano, o jornal esportivo Marca criou o Troféu Zarra, que é dado aos maiores artilheiros espanhóis da primeira e da segunda divisão da liga.

Em uma das suas últimas entrevistas quando perguntado sobre que conselhos daria aos jovens esportistas, Zarra respondeu: “Se cuidar muito, treinar muito e não pensar que é o melhor”. Mais uma prova da tranquilidade que sempre cercou o maior artilheiro espanhol em todos os tempos.

Telmo Zarra
Nome completo: Telmo Zarraonandía Montoya
Data de nascimento: 20/01/1921
Data de falecimento: 23/02/2006
Clubes em que atuou: Erandio, Athletic Bilbao, Indautxu, Baracaldo
Títulos: 1 Campeonato Espanhol (1942-43), 5 Copa do Generalísimo, 1 Copa Eva Duarte.
Seleção espanhola: 20 jogos, 20 gols

Encerro este texto com o gol mais famoso de Zarra: o tento contra a Inglaterra, na Copa do Mundo de 1950, disputado no Brasil.